quarta-feira, 9 de julho de 2008

Zwartboek (Livro Negro)


Paul Verhoeven, um dos melhores realizadores da actualidade, deixou a sua marca em Hollywood a partir da década de 80 com títulos como “Robocop”, “Total Recall (Desafio Total)”, “Basic Instinct (Instinto Fatal)”, “Showgirls” e “Starship Troopers (Soldados do Universo)”.
Zwartboek marca o regresso do Holandês à sua Terra natal escrevendo o argumento juntamente com Gerard Soeteman.
Estamos na Holanda ocupada pelos nazistas em 1944. Rachel (Carice van Houten) é uma judia holandesa cuja família é morta por soldados alemães numa tentativa frustrada de fuga para a Bélgica. Após a tragédia, ela junta-se a uma facção da resistência holandesa em Amesterdão, liderada por Gerben Kuipers (Derek de Lint). Numa falha do grupo, responsável pelo contrabando e fornecimento de armas para os holandeses insurgentes, alguns de seus membros são capturados. Rachel, então, é encarregada da missão de se infiltrar no quartel-general da SS nazista, a fim de seduzir o seu oficial maior, Ludwig Müntze (Sebastian Koch), e assim colaborar no plano de libertação dos membros da resistência ali encarcerados. Ela torna-se Ellis de Vries, amante de Müntze.

A forma de conduzir a aventura de Rachel, no seu papel de espiã é aquela em que Verhoeven se sai melhor – o thriller de acção e mistério. A narrativa baseia-se numa linha-mestre – quem são os responsáveis pela delação de famílias judias aos nazistas. A partir daí, as cenas de acção, e as consequentes reviravoltas da trama, sucedem-se uma atrás da outra, prendendo-nos à cadeira, ou sofá ou mesmo cama e os nossos olhos, no ecrã. É graças à sucessão de cenas de acção que os personagens vão tomando forma e rosto, ou melhor, vão mudando de forma e rosto. O “quem é quem” dos tempos de guerra é definido de modo dinâmico, em consonância com os desdobramentos do thriller; um período de excepção no qual é ainda mais difícil distinguir os bons dos maus. Em “Livro Negro”, eles estão por toda parte, surpreendendo o espectador.

A obra é extremamente tradicional do ponto de vista da linguagem cinematográfica, muito bem realizada. Eu diria que é como se fosse realizado por uma pessoa completamente diferente, devido aquilo que Verhoeven nos acostumou no passado. Com este filme, Verhoeven viu-se novamente nas graças dos críticos e quase recebeu uma nomeação ao Oscars 2007 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. De realçar a interpretação de Carice Van Houten que já chamou à atenção de directores como Bryan Singer e Ridley Scott.

Veredicto: Síííííí (8/10)

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